segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Colocar angústia nas pedras"

Humilde dedicátoria ao ídolo literário



ao pensar luas
criei estrela
no meu medo
eterna fui

calei quando escutei
o mundo
absorto no nada infinito.


Sou paisagem também.
a paz dos leitos ainda me machucam
a nascente se faz viva
porque nasce
e o sol brilha além de nós.


à tardezinha, bem perto da cadeira de balanço
existe um grilo rouco
que fala sobre
tudo isso


Ouça-o quem pode
quem não pode
se sacode.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ode à um Amigo - Parte II

Tão parecidos
que podem tocar as estrelas.
E essa alma minha que não resiste ao choque de ser
supita, explode, se rende
toda vez que encontra a sua.

E é sim naquele momento tão rápido
tão efêmero
e desértico
que seu olhar assimétrico
(tendo a assimetria como atributo característico da vivacidade louca e incontestável)
modela todos os sentimentos
e toda a emoção maluca
que explode aqui
por fora e por dentro
quando meus ouvidos absorvem com cuidado
o movimento perfeito dos ritmos descompassados
dessa sonora e intensa melodia que só seu corpo produz.

E meu coração se entrelaça ao seu
aos poucos
e então vê-se a dança cardíaca mais perfeitamente coreografada
o cavalheiro guiando sua dama
cuidadosamente
em passos fortes e pulsos híbridos
inconstantes
vibram o salão de sal absoluto.

E meu corpo assiste calado
o universo se abrindo sincero
à possibilidade de nos acomodar em sua infinitude estrelada
como essa dança minuciosa
e as batidas impetuosas
embriagadas de paixão e malandragem.

E seu toque sugere a eternidade de tudo isso
por mais sete minutos.
Assim como o sol minguado da aurora boliviana
pede pelo abraço matinal imprescindível
Das borboletas com asas de cílios
voando silenciosamente por entre meu rosto
e meus delírios.

Essa poesia que nos envolve
Meu bem, é um fato
Vejo versos escritos
Sorrateiros, vestidos
Do mais imemorial de nossos atos.
Ofereço, pois a poesia com cheiro de chuva
Ao poeta mais desregrado, à realidade mais surreal
Ao amor indizível, à eternidade irregular
E à voz veludada do seu violão
A banhar nossa noite
Para sempre.