sexta-feira, 9 de maio de 2008

As Dionisíacas.






Por Amanda Biasi

"... mas porque sentiu forte necessidade de penetrar em caminhos seus. Mal sabia o quão turvos eles seriam."

De que adianta enxergar e viver o mundo, se não somos capazes de transformá-lo? É quando me lembro de todo o Marx lido e relido. Eu? Bem queria gritar para os quatro ventos o que insiste em sair de mim. Ou aquilo que insiste em ficar, engasgando aqui o meu peito, laringe, fossas nasais, alma. Aquilo que me asfixia. Vivo também dessa maldita hipocrisia cristã que me leva a acreditar cegamente que sou uma pessoa única, diferente. Mas se sou tudo isso que julgo ser, porque a simples idéia de olhar para mim mesma me gera tanta repulsa? Não. Não sou Apollo. Em mim, a parte mais viva e intensa é a caótica, mórbida. A que festeja e que se vende por uma dose de qualquer coisa. A que tem medo de enxergar e que atinge os próprios olhos, com a frieza de quem já não mais os merece. Que Nietzsche não mais postergue seu medo e se levante de seu túmulo para dizer 'olá' aos seus Dionísios puramente insensatos.

2 comentários:

Julio disse...

E não se esqueça do bigodudo :) A nossa tragédia pessoal, como a grega, só é arruinada quando o perfeito equilibrio entre embriaguez e forma, entre o dionisíaco e o apolíneo, é sacaneado pela racionalidade.

Ericka disse...

Marx tá ultrapassado, bem.