domingo, 6 de julho de 2008

O nascimento do amor.


Seus olhos passearam por aquela sala durante alguns minutos, cada qual absorvendo um pouco do ar de mistério, ansiedade e desejo. Quando pararam, se encontraram bem no meio, no chão, pés acima, mãos abaixo, o toque com toda a rudeza do delicado. E tudo o que se passava dentro dele refletia-se fora dela, numa sincronia perfeita. A mente ditava o que o corpo fazia, e toda a segurança do controle diluía-se no medo e no prazer. Guiava sua amada, como que numa dança. Os joelhos se confundiam naquela coreografia não acabada. Todo aquele jogo de corpos iniciava uma história que não veria o seu próprio fim. Havia nascido em seu leito de morte. Pudera, quem sabe, dizer que possuía o seu fim em si mesmo. Por tão superficial, pensava-se que tudo cairia no esquecimento. E de fato assim seria, não fosse o sentimento nascido, nutrido, forjado por eles; esse há de sobreviver, com nobreza, beleza e altivez. Com vida própria. Sem necessidade de protagonistas. Sem responsáveis, sem identidade.


por Amanda Biasi

Um comentário:

Lenadro disse...

Ainda não tinha comentado aqui heim?!
aí vai!:)
.......................sentimento nascido, nutrido, forjado por eles; esse há de sobreviver, com nobreza, beleza e altivez. Com vida própria.....Lindo trecho, de um belo texto!