segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Tributo a Montaigne

Por Amanda Biasi


Da vida tira-se toda a calmaria e a tensão, as quais procura o ser.
Perspicaz, ainda que menos lúcido, é aquele que consegue arrancar dela aquilo de que não se necessita. O que simplesmente flui; e que assim como entra, sai.
Como um pulmão que não se censura e se entrega aberto e sereno ao prazer da brisa úmida e pura, mesmo correndo todo o risco do vício.
Não é mais suficiente tirar da vida simples e grotescamente aquilo que é dado de se ter. Mas - de forma doce e profunda - aquilo que o espírito deseja e procura.
A sensatez é muito real para nós.
Queremos a loucura do impossível, a fruição completa do imprevisível.
Conhecemos a nobreza do pensamento, entretanto optamos por saborear.
Não desejamos o poder, mas a paixão. Não nos interessamos pelo bom, mas pelo belo. Não sabemos o que é método, mas sim o que é o acaso; e não precisamos mais de planos, mas de acontecimentos.
Almejamos o amor, ainda que em sua forma menos louvável.
O regozijo, o prazer, o risco.
O riso.

Temos sede
e não a simples vontade de beber a vida.

3 comentários:

Lenadro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lenadro disse...

Seres perspicazes e sedentos!!

:*

Cassio Dias disse...

.. e eu continuo desejando essas belas palavras !