terça-feira, 31 de março de 2009

O que há entre o sim e o silêncio.

A dor ingênua e penetrante do anti-séptico autoaplicado. Solidão cortante da redoma de cristal, vidraça manicomial e o estupro da liberdade. Você ouviu e calou com os olhos, e todos entenderam o motivo. Não foi possível renunciar a carne trêmula e a visão embaçada, condição louca e sagrada de quem sente por sentir. Doeu e vai doer de novo - repetidas vezes, quase sempre do mesmo jeito. C'est la vie; é assim: o peito à mostra por baixo de toda a histeria controlada e o medo quente passivo calando alto e se fazendo ouvir, pulsando e embebedando as regras. Tolice e cegueira, a incandescência sorrateira do que em nós é penumbra. Penumbra desgarrada de sua sombra. Obscuridade pueril que engatinha e rasteja imunda com a barriga no chão. Dor, mas não compaixão. Fazer doer para ver sangrar por dentro e sentir o azul celeste do fluido romântico que carrega os amantes nos ombros. E depois lamber tudo e satisfazer as mais lascivas necessidades da alma, negar decisivamente a cabeça já puída, a mente ácida suicida. Aceitação da mais sublime forma de ser gente, e desejar cair de boca nos outros, incorporar tudo o que puder ser ruminado, fagocitar o cheiro, absorver a cor, saborear os desejos íntimos e delicadamente sombrios que vão além do que se pode sentir em si mesmo. Ser você no outro, deixar-se possuir plenamente. Encravar as unhas macias no peito à frente e rasgar suave para ver escorrer lá de dentro o mesmo belo caos que se veria sair daqui.
Assumir enfim a excelência daquele único olhar que não teve a pretensão de ver
só apreciar.



Um comentário:

Eu hemorragia disse...

Doeu e vai doer de novo - repetidas vezes, quase sempre do mesmo jeito. C'est la vie;

O bonito de ser Amanda deve estar em permitir os contrastes que dão vida as mudanças, sempre, em nós, alguma centelha de amor, que ta sempre pingando dentro da gente! vai doer com certeza meu bem, rasgar, ferir, machucar pra ser depois aquele fluido azul, deixa q sangre um dia a gente encontra a cidade submersa, e memórias de um amor impossivel serao vividas por nós, amantes e amaveis mulheres que nos tornamos. Será tudo nosso esse novo mundo de amorátlantida;

Eu adoro sua acidez que teima em sair corridinha e dar lugar ao mais doce que tem em voce, minha irma meu sangue, nós-hemorragia sim.