segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"Colocar angústia nas pedras"

Humilde dedicátoria ao ídolo literário



ao pensar luas
criei estrela
no meu medo
eterna fui

calei quando escutei
o mundo
absorto no nada infinito.


Sou paisagem também.
a paz dos leitos ainda me machucam
a nascente se faz viva
porque nasce
e o sol brilha além de nós.


à tardezinha, bem perto da cadeira de balanço
existe um grilo rouco
que fala sobre
tudo isso


Ouça-o quem pode
quem não pode
se sacode.

2 comentários:

Fernanda Tavares disse...

aah lindo!

Maria Cecília disse...

"No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá
onde a criança diz: Eu escuto a cor dos
passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não
funciona para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um
verbo, ele delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz
de fazer nascimentos -
O verbo tem que pegar delírio."

Manoel de Barros