quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ode à um Amigo - Parte II

Tão parecidos
que podem tocar as estrelas.
E essa alma minha que não resiste ao choque de ser
supita, explode, se rende
toda vez que encontra a sua.

E é sim naquele momento tão rápido
tão efêmero
e desértico
que seu olhar assimétrico
(tendo a assimetria como atributo característico da vivacidade louca e incontestável)
modela todos os sentimentos
e toda a emoção maluca
que explode aqui
por fora e por dentro
quando meus ouvidos absorvem com cuidado
o movimento perfeito dos ritmos descompassados
dessa sonora e intensa melodia que só seu corpo produz.

E meu coração se entrelaça ao seu
aos poucos
e então vê-se a dança cardíaca mais perfeitamente coreografada
o cavalheiro guiando sua dama
cuidadosamente
em passos fortes e pulsos híbridos
inconstantes
vibram o salão de sal absoluto.

E meu corpo assiste calado
o universo se abrindo sincero
à possibilidade de nos acomodar em sua infinitude estrelada
como essa dança minuciosa
e as batidas impetuosas
embriagadas de paixão e malandragem.

E seu toque sugere a eternidade de tudo isso
por mais sete minutos.
Assim como o sol minguado da aurora boliviana
pede pelo abraço matinal imprescindível
Das borboletas com asas de cílios
voando silenciosamente por entre meu rosto
e meus delírios.

Essa poesia que nos envolve
Meu bem, é um fato
Vejo versos escritos
Sorrateiros, vestidos
Do mais imemorial de nossos atos.
Ofereço, pois a poesia com cheiro de chuva
Ao poeta mais desregrado, à realidade mais surreal
Ao amor indizível, à eternidade irregular
E à voz veludada do seu violão
A banhar nossa noite
Para sempre.

4 comentários:

Rene Serafim - "Juninho" disse...

Ah sua bobona... que coisa mais bela e poética! Pena que você poste uma vez em vida e outra na quase morte. Fica aqui uma poesia de um tal de Leminski:

"meus amigos
quando me dão a mão
sempre deixam
outra coisa
presença
olhar
lembrança
calor
meu amigos
quando me dão
deixam na minha
a sua mão"

Beijos bobona!

Maria Cecília disse...

nó! muito bonito baby!

Eu hemorragia disse...

owwwn! e a dama silenciosamente espera por mais sete minutos iguais aqueles né? lindo xuxu, imagem dentro da cabeça da gente, que dança tbm

Unknown disse...

Em seu exótico,
Contorno.
Em seu ardor,
Embriago.
Em seu abraço,
Acordo.
Em seu suspiro,
Vivo.
Em seu amor,
Compartilho.

“Tão parecidos...”

Aqui termina o papel do lápis;
A vida se encarrega da poesia...

Seu ar,
Minha presença,
Nossa loucura.